O MEC (Ministério da Educação) e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) entregaram, no último dia 31/3, à Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) a proposta de criação de uma prova semelhante ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para servir como vestibular unificado das universidades federais. O documento seguirá para análise e discussão do órgão, que reúne os 55 reitores das universidades federais. A partir daí, os dirigentes poderão debater o assunto e incluir sugestões.
"A proposta é que a prova funcione como o processo de seleção para as universidades que aderirem ao programa. Para atender a essa demanda, o exame sofreria mudanças. Ele seria aplicado em dois dias, divididos em quatro blocos de conhecimentos: língua portuguesa e redação, matemática, ciências humanas, e ciências exatas e biológicas", explicou Reynaldo Fernandes, presidente do Inep, durante entrevista coletiva dada na tarde desta terça-feira em Brasília ao lado do ministro da Educação, Fernando Haddad.
Pela proposta do MEC, o novo Enem seria composto de questões de múltipla escolha e dissertativas, que abrangeriam todas as disciplinas, inclusive língua estrangeira. A iniciativa é privilegiar a reorganização do currículo do Ensino Médio e possibilitar a correlação dos conteúdos. De acordo com Haddad, a proposta vai permitir maior mobilidade de estudantes entre as universidades, já que o programa facilitaria o fluxo de alunos que mudariam de estado para estudar.
A mobilidade estudantil, segundo o ministro da Educação, não seria o único benefício do novo Enem. "Seria possível eliminar algumas provas. Por exemplo, não seria necessário realizarmos o Enade (Exame de Desempenho dos Estudantes) para os ingressantes. Poderemos comparar o Enade dos alunos do último ano da graduação com o Enem", afirmou Haddad. O presidente do Inep acrescentou que o novo Enem proposto pelo MEC para substituir o vestibular das universidades federais deverá equilibrar a competição entre os vestibulandos. "Isso porque, o novo exame será padrão e com o mesmo nível de dificuldade para todos. A prova deve exigir dos candidatos mais capacidade de análise e raciocínio, ao contrário da memorização pedida no modelo de vestibular aplicado hoje", declarou Fernandes.
"Na manhã desta terça-feira, participei de uma videoconferência com os demais reitores e marcamos uma reunião para segunda-feira que contará com a presença do ministro da Educação e do presidente do Inep para que esclareçam a proposta", explicou o presidente da Andifes, Amaro Lins. Segundo ele, a reunião é necessária porque o documento enviado pelo MEC seria "superficial" e a Andifes quer mais informações para que os dirigentes das IES (Instituições de Ensino Superior) federais possam discutir o assunto.
Vestibular Nacional
Além das instituições federais, a idéia é que o novo Enem seja estendido posteriormente a instituições privadas e as demais públicas, mediante adesão das universidades. "Cada uma das instituições poderá decidir se quer ou não participar de tal processo. Elas continuarão a ter autonomia para usar o modelo sem deixar de usar outras formas de ingresso, como o PAS (Programa de Avaliação Seriada), por exemplo", comentou Haddad. Ele disse também que as IES poderão avaliar a necessidade de aplicar a segunda fase da prova para cobrar uma parte específica do conhecimento.
A sugestão de unificar o vestibular das universidades federais foi dada pelo ministro da Educação na última reunião da Andifes, realizada em 11 de março. A proposta tem base na mudança do Ensino Médio. Haddad acredita que seja melhor haver um vestibular nacional, modelo similar ao de países como Estados Unidos e França. "O novo Enem seguiria o modelo do SAT (Scholastic Assessment Test) dos Estados Unidos. O estudante prestaria o exame e enviaria sua nota para as universidades em que quer estudar", explicou o ministro.
Haddad acredita que o novo Enem poderá ser realizado mais de uma vez por ano. "Mais adiante, poderá ser necessário realizar o exame duas vezes ao ano para que os estudantes tenham mais chances de melhorar as notas. O aluno que não quiser realizá-lo diversas vezes, entretanto, poderá enviar sua nota de edições passadas às IES", disse Haddad. Para ele, será possível avaliar os vestibulandos com base em edições já realizadas da futura prova porque o exame terá sempre a mesma dificuldade. As universidades decidiriam qual a nota mínima de cada curso para que o aluno fosse aprovado, similar às notas de corte existentes hoje.
Mesmo sem a adesão das universidades, o MEC quer implantar o novo modelo de exame ainda esse ano. "Já é possível realizarmos esse novo Enem com a nova proposta para que desde já seja possível a comparação entre o resultado dessa prova e das próximas edições pelos alunos. Dessa forma, é mais fácil saber se houve melhoras em seu desempenho", declarou o presidente do Inep. Haddad complementa que com a implantação do novo Enem, a reforma do Ensino Médio será mais rápida.
Segundo o presidente da Andifes, mesmo que as universidades federais aceitem a mudança no processo de seleção, ela deve ser discutida. "Os vestibulares que as instituições aplicarão no final do ano já estão em elaboração. Se a mudança realmente ocorrer, é preciso que a decisão seja tomada logo para que todos os pontos fiquem claros ou que as federais prorroguem o exame unificado para o vestibular 2011", alertou Lins.
De acordo com a assessoria do MEC, a ação faz parte do processo de reforma do Ensino Médio. Se a proposta for aprovada pelas universidades federais, o novo modelo será aplicado ainda este ano, para o ingresso em 2010.
Fonte: www.universia.com.br
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